domingo, 4 de maio de 2014

Comentário sobre Emily Sol - Intro



Depois de um tempo amaldiçoado pelo terrível writer's block, decidi escrever qualquer coisa que viesse à minha cabeça. Essa estória de Emily surgiu quando eu voltava pra casa depois da universidade, e eu comecei a escrevê-la no celular, ainda no ônibus.

Nesse começo de conto (ou romance, quem sabe?) eu fui direto em cima das minhas fraquezas: trabalhar com uma personagem do sexo feminino - não tenho certeza se consegui escapar das garras dos estereótipos da adolescente de classe média, mas já falei: é uma fraqueza - e prolongar um pouco a ação antes de apresentar o desfecho da cena (do cancelamento do passeio até ela encontrar o diário).

Geralmente quando se escreve um conto, o autor já tem em mente o final, porque assim o enredo não se dispersa. É bem verdade que em determinado momento da trama os personagens ganham vida própria e aí começa o trabalho de deus do escritor. Pra mim isso é muito difícil, porque é como se você tivesse um segredo pra contar e tivesse que segurá-lo durante toda o desenrolar dos fatos. Os finais tendem a ser uma solução para os conflitos dos personagens, ou uma complicação para um nível maior - nesse caso a estória pede continuação e a solução é apenas superficial.

Outro problema que eu enfrento é a definição do público-alvo. Emily acabou ficando beeem ChicLit, então eu acho que quebrei dois tabus de gênero meus: o da protagonista (sexo feminino) e da escrita (comercial). Um detalhe é que optei pelo narrador câmera, em terceira pessoa. Autoras americanas de ChicLit geralmente escrevem em primeira pessoa porque acho que isso facilita (não num bom sentido) a empatia com as leitoras. Meu narrador tem acesso aos pensamentos de Emily, tem um discurso bem parecido com o dela (jovial e jocoso), mas simplesmente não é a voz na cabeça dela porque isso é muuuuito chato! Gosto que os leitores tenham a liberdade de erguer os olhos do texto e não tomarem um choque muito grande ao se verem em seus quartos pensando "Ah, eu não sou essa personagem".

No fim, acho que foi um bom exercício. Emily ficou leve, dinâmica e interessante. Não me detive em descrever sua aparência porque acho que cada pessoa gosta de dar uma de Deus no sexto dia com personagens de livros: criá-los à sua própria imagem e semelhança (espaço para reflexão sobre o que eu acabei de falar hahahaha). Gostei dela, de verdade.

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